quinta-feira, 23 de outubro de 2008

VOTO E INSTRUÇÃO


Noutros tempos nossa cultura nos levava a imaginar que mulheres e homens deveriam ter diferentes pesos na hora de opinar ou decidir algo. As mulheres eram consideradas inferiores que os homens, portanto tinham menos direitos.

Hoje em dia as mulheres, assim como negros e outros grupos que foram injustamente discriminados conquistaram o direito a voto em quase todo o mundo. Lendo sobre isso eu me perguntei se existe, hoje em dia, em países civilizados e bem instruídos, algo que possa diferenciar a força de voto das pessoas e imediatamente me veio à mente o grau de instrução.

É notável que pessoas de diferentes níveis de instrução tendem a tomar, em média, decisões diferentes e a votar em pessoas diferentes. Pesquisas feitas neste sentido durante as épocas de eleições, por exemplo, mostram isso claramente. Dentro de universidades há predominância de votos em um candidato, enquanto nas populações mais carentes - onde predomina o baixo nível de instrução - outro candidato é favorecido.

Olhando este fenômeno como um todo, nós podemos ver que, como a maioria da população tem baixo grau de instrução, eles acabam tendo um peso maior no montante dos votos, o que explica porque comumente os candidatos eleitos são aqueles candidatos dito "populistas". Dessa forma a decisão do futuro do país acaba nas mãos de pessoas com baixo nível de instrução.

Com isso eu me pergunto se não deveria haver uma maior relevância do voto daqueles com alto grau de instrução quando comparado àqueles com grau de instrução menor. Eu sei que, de certa forma, isso viola o direito de igualdade entre as pessoas. Mas não seria uma medida que ajuda a direcionar os resultados de eleições visando decisões que favorecem melhorias a longo prazo em detrimento daquelas que fomentam resultados imediatos e pouco satisfatórios, como é predominante em políticos populistas?

Algumas pessoas podem dizer que isto é uma decisão arbitrária sem base para decidir o que de fato é bom para o futuro do país, mas há uma razão para isto. Em primeiro lugar medidas que melhoram a longo prazo tendem a ser mais vantajosas ao país do que aquelas com soluções imediatas. Isso é inquestionável. Além disso pessoas com grau de instrução mais alto tendem a tomar decisões que visam melhorias a longo prazo, e concluo isso com base no que se segue.

Certa vez li um estudo, que infelizmente não encontrei a fonte, feito com crianças que mostra que quando as crianças do presente estudo conseguiram esperar certo tempo para ganhar recompensa maior, ao invés de ganhar uma recompensa menor sem necessidade de esperar, estas acabavam conseguindo progredir mais e se davam melhor quando adultas em uma frequência maior do que aquelas que não conseguiam esperar.

Além disso tudo, temos que políticos populistas, de maneira geral, tendem a privilegiar medidas que agradam o povo imediatamente em detrimento de medidas com resultados a longo prazo, como é o caso de investimentos em educação. Isso acaba mantendo a quantidade de pessoas com baixo nível de instrução em maior número do que aquelas com nível superior. O que acaba favorecendo a eleição de outros políticos populistas em um ciclo que se retroalimenta.

Sendo assim, eu pergunto. É justo que decisões sérias sejam deixadas predominantemente nas mãos de pessoas com baixo nível de instrução, ou seria justo, com um propósito maior, que o peso do voto seja relacionado com o nível de instrução do eleitor?


Zaratustra

Troca de Conhecimentos

segunda-feira, 7 de abril de 2008

VAMOS FALAR DE POLÍTICA?

Tolo é aquele que diz que "Religião e política não se discute". Tudo é discutível, contanto que as partes da discussão sejam razoáveis e racionais a ponto de entender quando seu argumento é colocado por terra. Percebe-se certa intolerância política nos debates ideológicos travados nos meios virtuais e no próprio meio estudantil. Ninguém quer ceder.

Argumentos toscos são utilizados quando eu cito que sou socialista: "Ah, mas o socialismo nunca vai acontecer", "cara, se enxerga, o socialismo não deu certo", "que coisa ultrapassada e hipócrita!"... não se aprofundam à uma argumentação plausível e baseada em críticas aos conceitos diretos da minha posição política.

Há pouco tempo me entreguei a uma reflexão sobre a diferenciação de discussão política para a discussão sobre a corrupção. De fato, estão inteiramente entrelaçadas as duas, mas tratam de matérias totalmente diferentes. Uma coisa é discutir a idéia daquele determinado político ou daquela instituição, a outra é saber a idoneidade desse indíviduo ou dessa corporação.

A discussão de idéias e a difusão delas é a que leva à um desenvolvimento da democracia. Basear-se somente em quanto o candidato é ladrão ou não sempre pode ser levado à manipulações e interesses facilmente construídos.

Claro, a discussão sobre a corrupção é MUITO necessária, e esta deve ser MUITO combatida, porém a democracia não é baseada nisso, como a mídia sensacionalista e elitista de nosso país cisma em tentar frizar.

A PERCEPÇÃO POLÍTICA POPULAR E A CONSTRUÇÃO DA DEMOCRACIA.

Na última eleição para Presidente da República aqui no Brasil houve um discurso muito expressivo na mídia sobre o nível social das pessoas que votaram em cada um dos candidatos na segunda fase.

Claramente, esse discurso era depreciativo no que diz respeito ao vencedor, Lula, por este ter sido eleito pelas camadas baixas da população, chegando a ser exibido em rede nacional um mapa com as regiões do Brasil que o elegeram e as que tiveram maioria de votos em Alckimin. Isso dá brecha para vários outros discursos tipicamente elitistas Brasil afora.

Um desses discursos é o da falta de educação da maior parte da população para votar. Ora, é fato que não é só a educação que faz a eleição se concretizar e o melhor ou pior candidato ser eleito ou não. Certamente, a maior parte da população votou em Lula por uma questão de identificação não só com a imagem construída de "homem do povo", como também em relação aos próprios focos de atuação que o candidato, depois Presidente, supostamente basearia seu governo.

Dizer que o "povo brasileiro é burro e não sabe votar" é tentar defender abertamente uma inexistência de percepção política da população. Toda a população, a partir de sua classe social, tem idéia do que é melhor para si. É claro que o Sul e Sudeste do Brasil teriam maior votação em Alckimin (tirando o Rio de Janeiro, que sempre teve formação mais esquerdista que as outras metrópoles). São as regiões mais desenvolvidas e com o maior número de burgueses que não se atraem por essa visão de "governo para o povo", que o exato contrário são as políticas do PSDB de privatizações e concessões ao grande capital especulativo dos empresários brasileiros e do exterior.

Um grande exemplo dessa diferença de percepção é o governo do Brizola aqui no Rio. Enquanto a classe média e alta falam que o governo foi fraco e que não mudou nada, a classe baixa agradece: Brizola distribuiu posses de terra nas favelas, levou água encanada para muitas comunidades carentes, defendeu o pobre em muitas situações. Deixo bem claro que não sou Brizolista, mas achei um bom exemplo para servir como argumento.

Claro, o povo elegeu o Clodovil e vários outros candidatos inúteis para o Brasil. Mas quem disse que essa população teve tempo para aprender a votar? Ainda serão eleitos mais 10 Clodovis até a democracia se concretizar como um bom sistema de eleição - e realmente é o melhor até agora. O maior exemplo dessa inexperiência ao votar é uma pessoa que nasceu na década de 50, por exemplo. Só foi votar aos 40 anos de idade, devido ao monstruoso Regime Militar aí no meio do caminho. Não se pode comparar a democracia brasileira de 19 anos com a democracia francesa de 200. Lá eles já têm noção dos candidatos que farão mal a sua sociedade, aqui a população vai aprender, com o tempo, que Clodovil não vai levar a absolutamente nada.

Por último, é necessário salientar que a democracia não é feita somente através do voto. Existem várias outras maneiras de expressar sua cidadania, uma delas é discutindo política nos seus diversos ambientes do dia-a-dia - que, pode-se até negar, mas todos são espaços para política, pois em todos existe interação social. Pode-se também se filiar a movimentos sociais, sindicatos, instituições políticas e etc. O voto é importante, sim, mas não é a única arma para fazer nosso país melhorar.


Bruno Marconi
Troca de conhecimentos

sexta-feira, 28 de março de 2008

SOBRE O AVATAR DA COMUNIDADE


Quando criei essa comunidade fui em busca de um avatar, queria algo diferente que representasse força, seriedade e que fosse ao mesmo tempo divertida. Encontrei essa figura em um link que não dizia nada sobre o autor da obra, mas minha busca foi incessante e por fim encontrei.

Descobri várias obras deles entre telas, quadrinhos e pensamentos.Entrei em contato e ele me permitiu continuar a usar sua obra em minha comunidade.

O trabalho dele é maravilhoso e espero que vcs gostem.

Apresento a todos...GALVÃO BERTAZZI
Tambem conhecido como ABSURDYUM


Galvão Bertazzi











Galvão trabalha com quadrinhos e ilustrações desde 1995, já tendo publicado em algumas das principais revistas e jornais do pais.
Ganhou duas vezes o troféu HQMIX por melhor site de autor ( 2003 e 2004).


Suas publicações:
Revista Internazionale ( Itália )
Folha de São Paulo ( SP )
O Popular ( GO)
Gazeta de Goiás (GO)
Editora Abril
Editora Saraiva
Edições Paulinas
Editora Letras Brasileiras

entre muitos outros...

Galvão
Florianópolis - Brasil
Fone : +55 (48) 99791426



outros links do Galvão:


Comunidade no orkut:



Não normal assim
a ponto de tarjas pretas
ansiolíticos, anti-psicóticos...
mas não louco também
a ponto de andar sorrindo
dando bons dias
por aí.

Galvão
Inspecionar profundezas
contradizer as belezas
encarar quem se é
um doidinho de marré marré.

Galvão

Discutam as leis, os termos, os meios
as cláusulas e não se esqueçam dos fins
enquanto vocês porcos matracam
pela parca valia de nada
o que posso deixar de legado
pra quem vier depois do meu caso
com essa arrastada existência orate
é que:
existe uma arte secreta
no ato de se mijar pra fora do vaso.

Galvão

Existem muito mais realidades
com os olhos fechados
sonhando.

Galvão

Mergulho numa xícara de café preto
que sem o enfeite do açúcar
fica forte e amargo.
Faz-me lembrar de pessoas amargas
porém fracas...
todas cheias de açúcar.


Galvão

TIRINHAS














Galvão

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

UMA BREVE SOBRE O ANARQUISMO

Anarquia veio da palavra grega naarckos que significa “sem governo”.

Anarquismo é erradamente associada ao caos desordem e bagunça, isso é dito pela grande maioria das pessoas (que com certeza não conhecem o ideal anarquista); numa sociedade anarquista existem sim regras, que atendam o bem estar de todos da comunidade, onde ocorrem votações diretas.

O ideal confia na convivência pacífica dos seres humanos, numa estrutura de autogestão (cooperativismo propriedade coletiva), isto é, sem autoridades e hierarquias. Valorizando apenas a liberdade natural de cada indivíduo. Defende também a internacionalização e o antimilitarismo.

A militância anarquista atua em diversos campos sociais, políticos e culturais. De maneira ora pacífica (através de eventos, manifestações, boicotes e panfletagens) ora violenta. Tal violência é usada apenas pelos mais radicais e em casos extremos, em reação às silenciosas bombas do estado: A bomba desemprego, a bomba salário mínimo, a bomba latifúndio, a bomba saúde terminal e a bomba ensino burro dentre outras.

Anarquismo e Comunismo, muitos dizem que é a mesma coisa, embora a finalidade seja a inexistência de um Estado, o processo pra se chegar são muito diferentes, enquanto o comunismo passa pelo processo de socialismo autoritário, o anarquismo é chamado de socialismo libertário, sem fase, apenas usando da educação libertaria, conscientização. Enquanto o socialismo prega a igualdade, o anarquismo prega a igualdade mais a liberdade.

Resumidamente uma sociedade anarquista seria uma sociedade perfeita, por isso muitos dizem que é uma utopia, mas isso é errado, pois existem diversas comunidades que vivem em apoio mutuo e são socialistas libertarias, mas não há tanta divulgação delas (na mídia nunca), tais
exemplos são: chirstiania, comunidad del sur, vilas yamagishi, vilas yuba, comunidade zapatista, grandola, vila indígenas (que vivem em harmonia mutua e cooperação) e muitas outras pelo mundo.

Texto que posto abaixo é muito bom que foi publicado num jornal operário décadas atrás:

“-Você é anarquista?
- Sim, porque sou trabalhador consciente.
- O que é ser trabalhador?
- É viver pelo esforço do seu trabalho.
- Quando se pode dizer que o trabalhador é consciente?
- Quando ele conhece as causas da sua miséria e as combate.
- O que é trabalho?
- É o esforço para produzir.
- O que é produzir?
- É criar riqueza.
- O que é riqueza?
- É tudo o que pode ser útil ao homem.
- Então o sol é uma riqueza?
- Sim, como o ar, a água, os peixes, etc.
- Mas o sol é produzido pelo homem?
- Não, por isso se chama riqueza gratuita.
- Há outras riquezas gratuitas?
- Sim, o ar, a chuva, os rios, os mares, etc.
- A terra também é uma riqueza gratuita?
- Deveria ser, porque é a matéria natural da produção natural da produção das riquezas minerais e orgânicas; mas não é.
- Porque não é?
- Porque é possuída por alguns homens em prejuízo da maioria dos homens.
- Isso é justo?
- Não. Isso é a causa da maior parte das desgraças humanas. O que diria de um indivíduo que pudesse se apropriar da luz e do calor solar e o fizesse para vendê-los depois aos outros homens?
- Que seria um infame!
- O que diria dos homens que se apropriam de toda a Terra e não permitam que os outros a cultivem?
- Que são infames.
- O que se diz de uma sociedade que mantém esse regime?
- Que é uma sociedade prejudicial ao homem e, portanto precisa ser reformada pela extinção do direito de propriedade privada.
- Quem mantém a propriedade privada?
- O governo, isto é, alguns homens que pretendem dirigir os outros homens.
- E qual é o meio de que lançam mão para tal fim?
- A lei, e para garantir a lei o soldado.
- O que é lei?
- O conjunto de regras impostas pelos reis, conquistadores, capitalistas, etc... Às classes trabalhadoras com o fim exclusivo de manter a propriedade privada, isto é, a posse das riquezas, e regular a sua transmissão.
- O que é o soldado?
- É um trabalhador inconsciente que se sujeita aos possuidores da terra para manter essa posse a troco de um miserável pagamento.
- E como ele se sujeita?
- Se sujeita pela disciplina.
- O que é a disciplina?
- É a escravização da vontade do soldado ao seu superior. O soldado obedece ao que lhe mandam sem saber como nem o porquê.
- Qual é o ofício do soldado?
- Matar.
- Mas a lei não proíbe matar?
- Proíbe, mas se o soldado matar um trabalhador que protesta contra o governo, a lei declara que o soldado é um virtuoso.
- O papel do soldado é digno?
- Não. É o mais vil possível.
- E como há trabalhadores que se fazem soldados?
- São iludidos pelos governantes e arrastados pela miséria.
- Como conseguem iludi-los?
- Com fardamentos vistosos e insuflados neles o "amor" à pátria. Patriotismo é um sentimento mesquinho que leva o indivíduo a supor que os que nasceram no seu território são superiores aos outros homens.
- Esse sentimento leva as más conseqüências?
- É o elemento principal que arrasta as massas humanas à "Guerra”.
- O que é a guerra?
- É um processo de dominação pela morte.
- Como se explica?
- A história universal mostra que os "grandes" de uma nação armavam soldados, nos adestravam e subjugavam pela força aos homens de outras terras, ou para escravizá-los, ou para se apossarem da lavoura, suas minas, de suas riquezas até mesmo de suas mulheres. Os diretores dessas guerras, um Cambyses, um Alexandre Magno, um César, um Napoleão. Eram simples bandidos que procuravam justificar as suas invasões com pretextos fúteis de "honra, vingança, amor à Pátria". Hoje as guerras são a mesma coisa, luta por causa de colônias, de comércio, de capitais comprometidos.
- Quem faz a guerra?
- São os capitalistas, por intermédio dos diplomatas e pelos canhões movidos por soldados.
- O que fazem os soldados da polícia?
- Mantém a chamada ordem ou "hierarquia", isto é, o regime de autoridade pelo quais os inferiores se subordinam aos superiores. Desde que alguns trabalhadores procuram levantar-se contra os seus exploradores a polícia intervém para "manter a ordem"; isto é, obrigar os trabalhadores a se submeteram à exploração.
- E como reformar isso?
- Extinguindo a propriedade privada e a tornando posse da Terra coletiva. - E quem fará essa reforma?
- Os dirigentes capitalistas não o farão, porque isso seria contrário aos seus interesses; logo essa reforma só pode ser feita pelos trabalhadores. - Como se chamará o regime da propriedade coletiva?
- Se Chamará Anarquia.
- O que significa esse nome?
- Significa "não comando", isto é, exclusão dos superiores e, portanto "igualdade, não autoridade”.
- A anarquia exige ordem?
- É o único meio de obter a verdadeira ordem, que hoje é mantida apenas pela opressão. Basta que por um dia se suprimam a polícia e o exército para que a "desordem" atual se manifeste em desmando de toda a espécie.”

Para um estudo mais aprofundado deixo um site muito bom sobre: http://www.geocities.com/projetoperiferia2/indice.htm




Adriano
Troca de Conhecimentos